Ponto de Cultura Rosário - MA


Carolina, querida,

Desculpe minha falta no encontro, estou fazendo tratamento de saúde.
Recebi seu roteiro, e estou me comunicando para dizer que está bela a luz que se vê através da arte do barro e do mestre. Está clara a presença do griô aprendiz e do mestre, e a presença dos alunos da escola. Porém, querida, te solicito que revisemos o roteiro no sentido de esclarecer o momento da transmissão – o que e como ocorre – este momento é mágico e encantado na AÇÂO GRIÔ e é a sua missão central. Existem várias formas de expressá-la, por exemplo : o griô aprendiz pode contar para as crianças um fragmento do mito da criação do homem a partir do barro, pode expor junto com o mestre os produtos, tudo que se pode fazer com o barro, ou pode falar das propriedades de cura do barro, pode ensinar uma cantiga e ou uma dança da feitura do barro ... são diversos os conteúdos e as formas de transmissão, isso depende de cada mestre e griô aprendiz, depende da arte deles. Tem griô aprendiz que ensina cantando, ou contando, ou encenando etc.

Aguardamos a sua chegada em Lençóis com este rico conteúdo de seu roteiro para a edição.

Grande abraço.

Líllian Pacheco
Coordenação pedagógica
Ação Griô Nacional


ANEXO II
Prêmio Griô na Escola e na TV
FORMULÁRIO DE PROPOSTA AUDIOVISUAL
PRÉ-PROJETO
  1. Visão Original
  1. Proposta de Produção Audiovisual
  1. Sugestão de Estrutura

À LUZ DO BARRO (1Min e 30Seg)


  1. Visão Original (conteúdo)


O vídeo será utilizado nas aulas pelo professor Marcus Ramúsyo de Almeida Brasil da disciplina: Elementos da Cultura Material e Iconográfica do curso técnico PROEJA (Programa de Educação de Jovens e Adultos) em artesanato do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Maranhão, IF/MA. Este material servirá para os alunos visualizarem o processo produtivo das olarias, assim como perceber a importância da relação entre os saberes orais dos mestres artesãos do barro e os conhecimentos institucionais sobre motivos, temas e materiais usados na produção artesanal local. Também será trabalhada a relevância dos conteúdos históricos de caráter imaterial que permeiam o imaginário e a memória dos detentores dos saberes populares, que só podem ser resgatadas através de suportes didáticos que valorizem essas linguagens e esses saberes orais, a saber, o vídeo e outras técnicas de registro que o professor pode usar.

Descreva sua visão original sobre os diálogos possíveis entre a tradição oral do griô ou mestre bolsista, a didática do educador da escola parceira e as aprendizagens dos estudantes, durante o horário curricular ( máximo de 10 linhas)

2) Proposta de produção audiovisual (forma do vídeo)
Descreva a idéia audiovisual. Não se trata de descrição do tema ou de sua importância, mas da
proposta formal do filme. (máximo 15 linhas)

A proposta do vídeo é retratar em um documentário os aspectos processuais da cultura artesã de produção em barro do município de Rosário-MA. Nossa tarefa será a de dar voz e reconhecimento aos saberes populares, através principalmente da voz narrativa do Mestre de Tradição Oral Seu Dedé, 83 anos, que trabalha em sua própria olaria desde os anos de 1950 e repassou seus conhecimentos à maioria dos artesãos do barro da cidade, inclusive ao Seu Antonio, nosso Griô Aprendiz. A voz de Seu Dedé será o fio de condução do registro que passará pelas diferentes etapas da produção artesanal em barro. Desde a tirada do barro nos 'barreiros', que são retiradas em formato de bolas de aproximadamente 25 quilos, seu transporte em carroças, sua 'limpeza' já nas olarias, até à 'subida', ou preparo da peça, o documentário buscará retratar a cadeia produtiva de economia da cultura que a produção artesanal promove na vida de famílias e indivíduos enquanto manifestações da cultura popular. Será ressaltado o caráter histórico desta produção artesanal, através dos relatos de memória do Mestre de Tradição Oral que, mais do que simples transmissor de técnicas, retrata um modo de vida que anda em vias de desaparecer. O documentário busca mostrar que, para este tipo de economia da cultura, a produção está profundamente ligada a uma experiência familiar, onde não se separa vida privada de trabalho.


Eleição de objetos
(O que/quem vai ser filmado?
Exemplos: instrumentos
musicais, ervas medicinais,
rituais, cantigas, canções de
histórias, danças, brincadeiras,
instrumentos de ofícios
artesanais, livros, desenhos,
pinturas, personagens reais ou
ficcionais, etc. Faça uma lista
do que pretende filmar
[lembrando que o modo de
descrever algo já sugere um
modo de ver)
Estratégia(s) de Abordagem
(Como vai ser filmado - Como o
proponente se relacionará com cada
objeto eleito?
Exemplos: modalidades de entrevista;
modalidades de relação da câmera com
os personagens; encenação de histórias;
estilo de edição das imagens; introdução
proposital de ruídos sonoros ou de
interferências visuais; modalidades de
locução sobre imagem; formas de
tratamento dos materiais de arquivo
sonoros e/ou visuais etc)
Desenho de produção
Descreva, para cada estratégia de
abordagem, os procedimentos (em
termos de equipamentos e de
logística) necessários à sua
realização. Para fins da Oficina de
Formatação, este item é opcional.
No caso do seu preenchimento,
recomenda-se a leitura das
planilhas de Desenho de Produção
do Regulamento DOC TV
Exemplo
Subida ou preparo de peça em barro dentro da Olaria pelo Aprendiz Antônio
Filmada em 'plongée', de cima para baixo, com o Mestre de Tradição Oral Seu Dedé narrando em voice-over o processo de construção da peça pelo artesão.


Detalhes da argila, textura da peça sendo subida no torno pelo Aprendiz Antônio – imagens abstratas – textura preenchendo o quadro



Planos fechados no barro sendo moldado no torno – Takes laterais e plongée

Inicia o Voice-Over do Aprendiz Antônio falando de seu contato com o Mestre

Cerca de 5”

Trilha instrumental?

  • Câmera Panasonic AG-HPX 170 TVJ – Móvel – Planos detalhe
  • Microfone de lapela
  • Iluminação (?)
Transição da casa para a olaria – detalhes da atividade da olaria – chegada até a figura de seu Dedé

Plano sequência filmando da entrada da casa de seu Dedé até a Olaria – Na Olaria, passar pelos jovens limpando o barro, pelo Aprendiz Antônio moldando a peça, até chegar na figura de seu Dedé sentado.

Voice-over do Aprendiz Antônio –

Cessa o Voice-Over do Aprendiz, inicia a voz do mestre ao chegarmos à sua figura

De 25” a 30”


  • Câmera Panasonic AG-HPX 170 TVJ – Móvel – Plano sequência
  • Microfone boom para capturar som ambiente (?)
Mestre Griô Dedé – relato em entrevista, detalhes de sua fisionomia, incluindo-se aí as mãos calejadas do mestre artesão.

Entrevista no ambiente da olaria. Uma câmera em tripé e outra hand cam.

Plano médio do Mestre.

Voz direta – cerca de 5’’




Planos fechados mostrando suas mãos e suas rugas de experiência. 5 a 7’’

Voice-Over: Seu Dedé fala de sua história como ceramista



  • Câmera Panasonic HVX 200 AP – FIXA – Plano Médio
  • Câmera Panasonic AG-HPX 170 TVJ – Móvel – Planos detalhe
  • Microfone de lapela
Mestre na entrada da Olaria esperando a chegada dos alunos.

Fisionomia de Seu Dedé – Plano fechado em seu rosto que espera – 3’’ a 5’’ - pequeno silêncio

Voice-Over de seu Dedé – continua falando de sua história e da cerâmica em Rosário




  • Câmera Panasonic HVX 200 AP – FIXA – Plano Geral – Câmera à frente da olaria
  • Câmera Panasonic AG-HPX 170 TVJ – Móvel – Plano médio aproximado


Chegada dos Alunos

Câmera levada pelos alunos dentro do transporte registrando a chegada à olaria – corte rápido – 5’’

Recepção dos alunos – cumprimento – o mestre observa aqueles que chegam - Câmera posicionada lateralmente um pouco atrás da figura de Seu Dedé – 5’’


(Voice-Over de seu Dedé – expectativa da visita – como vê a transmissão de conhecimento atualmente)




  • Câmera de mão – Sony MiniDVD com cartão de 1 giga – Filma do interior do transporte a chegada na olaria
  • Câmera Panasonic HVX 200 AP – FIXA – posicionada à frente da olaria - Plano Geral
  • Câmera Panasonic AG-HPX 170 TVJ – Móvel – Acompanha seu Dedé – câmera semi-subjetiva - Lateralmente atrás
  • shotgun para o audio de seu Dedé – junto à câmera fixa


Alunos na Olaria – Registro da visita – contexto - detalhes da olaria (imagens entrepostas)
Registro dos olhares dos alunos observando a Olaria – Planos aproximados nos rostos dos alunos - Panning – 3’’ a 5’’

Registro de detalhes de peças e de objetos na oficina - 5’’ a 7’’

Voice-Over: Relatos do Mestre

Ou

Voice-Over: Entrevistas com os alunos sobre a visita
  • Câmera Panasonic HVX 200 AP – FIXA – Plano Geral + Panning Plano Aprox. nos rostos dos alunos
  • Câmera Panasonic AG-HPX 170 TVJ – Móvel – Planos detalhe e aprox.
  • Câmera de mão – Sony MiniDVD com cartão de 1 giga operada por alunos


Recolhida do barro em 'Barreiros' - lugares distantes nas cercanias do município;
Com duas hand cams, aproximação em planos fechados, captando as texturas de argila e mãos. Narração voice-over do Mestre, além de depoimentos colhidos no local.


Transporte do barro em carroças até a Olaria;
Gravado de dentro e de fora da carroça em planos abertos e médios. Transição entre Barreiro e Olaria. Mostrará-se o local, o tempo e a paisagem onde o vídeo se desenvolve.


Olaria do Mestre Dedé, situada nos fundos de sua casa, com seus respectivos detalhes técnicos;
Transição casa-olaria em plano contínuo. Ambientação do espaço-oficina a partir dos objetos da técnica ali dispostos - planos médios e fechados. Voice-over do Mestre.


Limpeza e tratamento do barro, em geral feita por membros mais jovens da família com o auxílio de um fio de arame como forma inicial de participação no ofício
Transição de plano aberto, para médio, para fechado, na ação de limpeza do barro. Voice-over do mestre sobre o processo e sua relação com a continuação familiar no ofício.



Peças prontas da produção da olaria saindo do forno de queima, em meio à fumaça. Inclui peças decorativas, como vasos e animais, e utensílios como panelas e filtros.

Esta sequência finaliza o vídeo de forma metafórica.




A câmera inicia pegando a fumaça da forma mais próxima possível. Zoom-out do forno - Plano aproximado a Plano geral - 5’’ a 7’’



Voice-over do Aprendiz Antônio falando de suas expectativas quanto ao futuro do ofício de artesão

Trilha?

  • Câmera Panasonic HVX 200 AP – FIXA – (Grua?)


Gravar Audios:

  • Entrevista com alunos

  • Entrevista com o aprendiz Antônio








A edição do vídeo se caracterizará por uma não-linearidade e pela condução narrativa em voice-over do Mestre de Tradição Oral.







3) Sugestão de Estrutura
Síntese textual do que está no passo a passo da lista das Estratégias de Abordagem acima descritas. Não se trata necessariamente de um roteiro no sentido estrito de uma narrativa ficcional clássica. A apresentação pode ser feita livremente a partir de texto corrido ou blocado. ( máximo 10 linhas).

O vídeo se inicia mostrando o trabalho manual de construção da peça de barro e sua subida no torno pelo Aprendiz Antônio. A exposição das técnicas é feita pela voz do mestre de tradição oral, Seu Dedé, narrando em voice-over o processo de construção no barro. A partir do depoimento do Mestre, perguntamos sobre a origem deste barro, e nos voltamos então para os Barreiros, locais onde a terra barrenta é escavada e posteriormente enrolada para o transporte. Do preparo do barro em bolas, vemos como este é carregado em carroças para daí ser transportado até as olarias. A carroça simboliza a transição dos Barreiros à Olaria, sequência fundamental para mostrar o ambiente roceiro em que esta economia da cultura é desenvolvida. De volta a Olaria, prosseguiremos à exposição do ambiente de trabalho e à limpeza e preparo do barro. O vídeo encerra mostrando as peças prontas, saindo do forno em meio à fumaça dentro da oficina.